Aumento de reutilização de resíduos em Portugal vai criar emprego

A reutilização de resíduos pode criar 1300 novos postos de trabalho em Portugal, revela o estudo “Sinergias Circulares: Desafios para Portugal”, realizado pelo BCSD Portugal - Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável

A transação de resíduos não urbanos entre empresas, para o seu reaproveitamento como matéria-prima, poderia gerar 32 milhões de euros em valor acrescentado bruto (VAB) e contribuir para a criação de 1300 empregos em Portugal. Estas são algumas das conclusões do estudo “Sinergias Circulares: Desafios para Portugal”, realizado pelo BCSD Portugal - Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, que analisou dados nacionais de 32 empresas, Galp incluída.

As empresas avaliadas no estudo produzem cerca de 8,3 milhões de toneladas de 267 resíduos diferentes, dos quais apenas 43% são valorizados, enquanto os restantes são eliminados. Como uma parte destes pode ser utilizada como matéria-prima noutras indústrias, poderá evitar-se não só a sua eliminação em aterros mas também a extração equivalente de fontes primárias.

GRANDE POTENCIAL

O estudo teve como base a eliminação de 1,1 milhões de toneladas de resíduos não urbanos registada em 2015, para extrapolar que seria possível reduzir os consumos intermédios em 165 milhões de euros e contribuir com 32 milhões de euros em valor acrescentado bruto (VAB) para a economia nacional se fossem transacionados como matérias-primas entre empresas e reaproveitados. “É necessário e urgente encontrar um destino útil para os resíduos que ainda não têm qualquer tipo de valorização e constituem um custo financeiro para as empresas e ambiental para o país”, alertam os autores do estudo, considerando que “o potencial é imenso”.

A Galp é Gold Sponsor do projeto Sinergias Circulares e integra o Grupo de Trabalho Economia Circular e Simbioses Industriais do BCSD

Para o CEO da Galp, Carlos Gomes da Silva, “a adoção de uma abordagem circular representa uma oportunidade única para o nosso desenvolvimento, contribuindo para construir maior inovação e resiliência do negócio”, assinalando ainda que “a aposta na economia circular representa uma estratégia sustentável que garante maior competitividade e permite antecipar e gerir riscos, promovendo a proteção de valor a longo prazo e a inovação ao longo da cadeia de valor.”

VÁRIAS SOLUÇÕES

Os resíduos biodegradáveis podem ser usados na produção de fertilizantes para jardins e agricultura, as cinzas podem ser encaminhadas para a construção de edifícios ou produção de asfaltos, as lamas para a indústria do papel e os solventes podem ser utilizados na produção de tintas e combustíveis alternativos. Segundo o estudo, muitas das transações de resíduos não ocorrem devido à falta de informação, à ausência de capacidade técnica e tecnológica, aos custos associados, à burocracia e às barreiras legislativas. Para acelerar a passagem para uma economia circular no setor industrial o BCSD Portugal sugere uma mudança de regulamentação, para facilitar as condições fiscais e de financiamento, e a promoção de plataformas coletivas para gestão de recursos, de forma a facilitar a transação de resíduos.


O QUE É O SINERGIAS CIRCULARES?

Trata-se de um projeto desenvolvido pelo Grupo de Trabalho Economia Circular e Simbioses Industriais, do BCSD, de que fazem parte as empresas: Altice Portugal, Altri, Amorim, ANA Aeroportos de Portugal, Cimpor, Cortadoria Nacional de Pêlo, Deloitte, EDP, Eurest, EY, Galp, Hovione, Jerónimo Martins, Lipor, Prio Biocombustíveis, PwC, Secil, Sonae, The Navigator Company e Vieira de Almeida & Associados. A Agência Portuguesa do Ambiente e a 3DRIVERS - Engenharia, Inovação e Ambiente.