Pôr as crianças a pensar o ambiente

No Dia Mundial da Energia, a Escola do Corgo, em Vila Real, e a Escola Básica das Ribeiras, em Matosinhos, têm ainda mais motivos para celebrar. Os seus projetos escolares foram distinguidos com o prémio Future Up 2020, promovido pela Fundação Galp

É uma casa muito engraçada, ainda sem teto e sem quase nada mas com ambições ecológicas. As suas paredes – leia-se paletes de madeira – já estão erguidas no recreio da Escola do Corgo, em Vila Real, mas outros materiais reciclados ou reaproveitados hão de ser, aos poucos, acrescentados à sua construção. A pandemia causada pela covid-19 obrigou a uma paragem forçada dos trabalhos mas não desmotivou os envolvidos. Alunos, professores, pais e funcionários já estão à espera de setembro para continuar, com entusiasmo, a implementar, agora com muitas melhorias alavancadas pelo prémio Future Up, aquele que vai ser um espaço de muitas brincadeiras e aprendizagens amigas do ambiente.

O sol, as águas das chuvas e o vento serão as principais fontes energéticas. O telhado será feito de um material transparente para se poder aproveitar ao máximo a luz do sol e observar o céu, os pássaros e as borboletas. Haverá, também, um forno solar. Como coletor de águas pluviais está pensado um garrafão de plástico virado ao contrário, a partir do qual sairá a água para lavagens e para regar a horta e o jardim de ervas aromáticas que farão parte de uma miniquinta que incluirá um galinheiro. Até porque, diz a professora e coordenadora do projeto, Dulcídia Teixeira da Cruz, “muitos meninos ainda não sabem de onde vêm os ovos”.

A ecocasinha, explica ainda a responsável, “com tudo o que estamos a imaginar que possamos fazer à volta dela, é para ser utilizada tanto pelas crianças do pré-escolar como do 1º Ciclo; o que há é de todos, somos uma família”. E remata: “Este tipo de trabalhos por projetos é um aposta essencial nas aprendizagens significativas destas crianças, que lhes permite adquirir novas competências”. Ou seja, ferramentas para a vida.

Os exploradores dos oceanos

Em Matosinhos, mais concretamente na Escola Básica das Ribeiras, está em desenvolvimento um projeto que visa o estudo, a sensibilização e a investigação sobre a vida marinha, os mares e os oceanos para que as crianças comecem a interiorizar, desde cedo, a necessidade da sua preservação. Chama-se Ateliê Estudar os Oceanos e tem por base a obra “Mar: Atividiário”, a partir da qual será feita a investigação da geografia e características dos oceanos e mares do planeta Terra e dos seus vários ecossistemas.

O projeto está em fase de arranque e iria começar de forma prática agora no terceiro período para aproveitar o bom tempo, mas devido às limitações causadas pela pandemia do novo coronavírus continuará no próximo ano letivo. Inclui visitas científicas às praias e investigação, com ligação à História de Portugal, levando os alunos, uma turma do 3.º ano, a assumir o papel de descobridores. A ideia é incluir também as famílias e, em conjunto, como refere Emília Bento, a professora e dinamizadora do projeto, “realizar um diário de bordo ao jeito dos Descobrimentos sobre um determinado mar ou oceano e partilhar as nossas descobertas com a comunidade escolar”.

Com o prémio, a turma pretende visitar o Museu de História Natural e adquirir um conjunto de microscópios especiais que irão permitir, segundo esta responsável, “estudar in loco e ao pormenor várias situações da vida marinha e desenvolver investigação a partir daí”.

Estes dois projetos foram os vencedoras da edição de 2020 dos prémios Future Up, criados pela Fundação Galp, na categoria de projetos desenvolvidos por alunos do 1.º Ciclo de ensino. Esta distinção tem por mote o conceito “O futuro está na tua energia” e visa promover uma mudança de comportamentos através da educação e do conhecimento, explorando e abordando junto da comunidade escolar temáticas como a transição energética, as energias verdes ou a mobilidade sustentável.