Tendo ainda como eixo o Acordo de Paris, Brian Sullivan, diretor-executivo da IPIECA, uma associação global da indústria de petróleo e gás para assuntos ambientais e sociais, trouxe ao debate o papel da indústria global de petróleo e do gás no desenvolvimento sustentável, bem como a visão da IPIECA sobre os desafios a enfrentar quanto às mudanças climáticas, não apenas no contexto do Acordo de Paris como também dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Sullivan mencionou ainda o relatório "Mapeando a indústria de petróleo e gás para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: Um Atlas", lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), pela Corporação Financeira Internacional (IFC) e pela IPIECA, que ilustra como a indústria de petróleo e gás pode apoiar e contribuir de forma mais eficaz para a consecução dos ODS através dos papéis e responsabilidades dos principais interessados, além de fornecer exemplos de boas práticas e conhecimentos existentes e recursos disponíveis na indústria.
“A transformação do sistema de energia é desafiante mas possível”, salientou o especialista. O futuro requer quase o dobro da energia de hoje para cobrir as necessidades do crescimento da população e ao mesmo tempo reduzir as emissões respeitando o Acordo de Paris, “o que exige aumentar a eficiência, poupar energia, e reduzir as emissões na produção e no uso da energia, recorrendo a fontes alternativas”, acrescentou, pondo em evidência a importância da colaboração entre entidades públicas e privadas: “Há que criar compromissos entre eles, desde governos, sociedade civil, universidades, serviços e indústria, com o fim de encontrar soluções sustentáveis para o problema das alterações climáticas”.
ENERGIA: PROCURA NÃO VAI PARAR
Este é de facto um ponto sensível que sobressaiu nestes dois dias abertos da Galp. Como enfatizou Carlos Gomes da Silva, “a energia é hoje o que faz mover o mundo. Sendo incontornável a sua relevância na sociedade atual, tem-nos permitido viver mais e melhor pelo que a procura é, e será, cada vez mais elevada”. Em 30 anos, espera-se que a população mundial aumente dos mais de sete mil milhões atuais para dez mil milhões de pessoas em 2050, pelo que as necessidades de energia não vão parar de aumentar nas próximas décadas. O desafio adivinha-se gigantesco e complexo: “Sabemos que a procura vai aumentar, mas não sabemos exatamente o que vai acontecer, pelo que vamos ter de trabalhar por cenários e focados em três contribuições importantes para o desenvolvimento: inovação, conhecimento e confiança”.
Tendências e prognósticos
Baseado na 19.ª edição do relatório World Energy Markets Observatory, uma publicação anual da Capgemini que monitoriza os principais indicadores dos mercados energéticos, Philippe Vié, vice-presidente daquela consultora francesa, apresentou no GPE Open Days um panorama geral sobre a indústria das Utilities: “From Global Energy Transition to Elon Musk, Robots and RenTechs”. Começando por afirmar que o sector enfrenta níveis de disrupção elevados, a principal mensagem que ressaltou da sua palestra é a necessidade, aparentemente paradoxal, de o sector partilhar e reduzir custos, por um lado, e de investir em inovação, por outro. “Observam-se grandes transformações nos mercados da energia, em geral, e no das commodities, em particular, pelo que é impossível fazer previsões para o futuro”, no entanto, a necessidade de adaptação das empresas do sector e dos seus modelos de negócio revela-se incontornável.
Na visão da Capgemini, são cinco os prognósticos para este ano:
1. Os mercados de energia serão desafiados pelo crescimento das RenTechs (impacto disruptivo das tecnologias de energia renovável e demais empresas do sector).
2. Os consumidores considerarão comunidades de produção de energia para autoconsumo versus utilities tradicionais.
3. Elon Musk (Tesla Motors) comprovará o potencial da tecnologia aplicada às baterias para armazenamento de energia.
4. A inteligência artificial e a robótica irão restabelecer a confiança dos consumidores nas utilities.
5. Os programas de transformação das utilities irão acelerar e começar a dar frutos.