Uma fábrica de inovação de olhos postos no Tejo

Sediada no LACS, em Lisboa, a UP – Upcoming Energies irá procurar soluções que permitam acelerar a transição energética, a mobilidade, o digital e a economia circular

A inspiradora vista para o rio Tejo, paredes meias com o Cais da Rocha Conde D'Óbidos, servirá de acelerador para a criatividade e a inovação que, a partir desta semana, começa a fervilhar na UP – Upcoming Energies, a nova fábrica de inovação da Galp. Numa conversa sobre energia e inovação centrada no utilizador, Cristina Fonseca, angel investor, e Richard Lagrand, responsável pela equipa da UP, explicam um pouco melhor que tipo de projetos sairão do ambiente criativo do LACS.

Reforçar a proximidade da Galp à inovação global, com um foco particular na comunidade empresarial que desenvolve soluções clean-tech, será o principal objetivo deste projeto. Esta é uma área prioritária para a empresa que definiu como meta de investimento para as energias renováveis e novos negócios um total entre 10 a 15% de 1,2 mil milhões de euros anuais. A fábrica de inovação enquadra-se ainda na estratégia recentemente definida pela Galp, que prevê que 40% do investimento de longo prazo estará relacionado com a transição energética.

Jorge Fernandes, diretor de Inovação da Galp, é o responsável pelo novo espaço no LACS e para liderar a equipa o escolhido foi Richard Lagrand, até agora diretor da Startupbootcamp em Barcelona, pela sua experiência na área do eCommerce e das startups. O novo diretor da UP iniciou a sua carreira na área das telecomunicações e dirigia, antes de chegar à Galp, o programa de IoT [Internet of Things] e Datatech do Startupbootcamp, um programa de aceleração de startups. “Vamos olhar para a indústria com outros olhos e desenvolver tecnologias que a tornem mais eficiente e sustentável”, salienta o diretor da UP Energies. Descoberta, incubação e aceleração será o modelo de inovação neste projeto, tendo sempre “em vista a resposta às necessidades de pessoas e empresas”, acrescenta.

Além da equipa residente, Richard Lagrand irá coordenar os participantes no programa de estágios de verão, desenvolvido em conjunto com a Católica Lisbon School of Business and Economics e a Fabstart, que terá como objetivo a realização de pesquisas e testes de mercado sobre diversos aspetos relacionados com a forma como as pessoas utilizam a energia no seu quotidiano doméstico. Os resultados servirão de base para determinar oportunidades adicionais de atuação ou diferenciação para a Galp.

Cooperação, co-criação e abertura ao ecossistema

Mantendo o espírito de incubadora, a UP Energies procurará potenciar as sinergias, a cocriação e cooperação para o desenvolvimento, o lançamento e a fase comercial de projetos aceleram a transição energética e enquadram-se nos eixos em que a Galp se posiciona: o digital, a mobilidade do futuro e a economia circular. Em paralelo, a fábrica de inovação irá avaliar startups e executar projetos-piloto com os utilizadores para identificar oportunidades potenciais que possam beneficiar os seus clientes e a Galp. No entanto, assegura Richard Lagrand, “temos que ser muito focados no que queremos fazer a cada momento para não dispersar energias”.

Entre os exemplos do que já está a ser trabalhado pela equipa da UP Energies estão projetos em áreas tão distintas como o rating de crédito ou as tecnologias de ponta que ajudam a otimizar o desempenho e o rendimento de parques solares de grande escala, com recurso ao armazenamento de energia, revestimentos, robôs de limpeza e painéis bifaciais. No limite, aponta o diretor da UP, “a tecnologia pode agora ajudar-nos a preparar para o próximo vírus”. Afinal, refere, “a capacidade de adaptação dos humanos é fantástica e esse é o ingrediente mais importante para inovar”.