“Estamos a ficar sem tempo”

O desafio de atingir a neutralidade carbónica até 2050 é apenas uma parte de um conjunto de outras batalhas que não podem deixar de ser travadas. Richard Lagrand acredita que não há tempo a perder e que é na inovação que reside a chave para que estes objetivos sejam cumpridos

“Um desafio enorme”. É desta forma que Richard Lagrand, o responsável pela UP – Upcoming Energies, a nova fábrica de inovação da Galp localizada no LACS, em Lisboa, encara a missão que acaba de abraçar. “Todos sabemos que estamos a ficar sem tempo no planeta para resolver um conjunto de crises que estamos a tentar solucionar: direitos humanos, energia, comida, clima, emissões zero em 2050... e estamos a ficar sem tempo”.

Experiente nos caminhos da inovação, Richard Lagrand trocou o Startupbootcamp, um programa de aceleração de startups em Barcelona, por aquele que será o centro nevrálgico da inovação da Galp, paredes meias com o rio Tejo. A experiência de trabalho com startups que traz na bagagem será agora essencial para cumprir as metas do novo desafio. Aliás, e como o próprio reconhece, esta vertente será a prioridade para o que resta do ano de 2020. “Descobrir startups e scaleups com quem possamos trabalhar para resolver os problemas e desafios que temos dentro da Galp”. Para tal, explica, será necessário um trabalho de proximidade com as unidades de negócio da petrolífera – mid stream, comercial, renováveis – “para sermos mais eficientes e para aumentar a satisfação do cliente, com soluções 'chave-na-mão' que já existem, desenvolvidas pelas scaleups, e que nos permitem fazer negócio da melhor maneira”.

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Miguel Manso

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Miguel Manso

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Outra das prioridades definidas ainda para 2020 passa por impulsionar a vertente de incubação e de aceleração de projetos e negócios. Ou seja, revela Richard Lagrand, “criar novas parcerias e valências em tecnologia disruptiva, em mercados novos ou adjacentes, no setor da energia”. Aqui, exemplifica, podemos estar a falar de projetos relacionados com a produção ou o consumo de energia que não estão hoje a ser trabalhados ou desenvolvidos, mas que podem avançar num futuro próximo.

O desafio do solar

Sendo uma área nova para a Galp, mas também uma prioridade – a empresa é um dos principais players de energia solar na Península Ibérica depois do acordo com o Grupo ACS para a aquisição, desenvolvimento e construção de projetos de solar fotovoltaico em Espanha –, a UP está a avaliar um conjunto de tecnologias que ajudam a otimizar o desempenho e o rendimento de parques solares de grande escala, com recurso a armazenamento de energia. “Devido às especificidades do desafio conseguimos olhar para as startups que estão a trabalhar nesse domínio, contactá-las, avaliar como estão a lidar com esses desafios, e ver se conseguimos adaptar à nossa utilização”, refere Richard Lagrand quando questionado sobre os primeiros projetos que estão a ser trabalhados na UP. “É uma área com muito potencial e com muito para fazer”.

Em simultâneo, diz ainda o responsável pela fábrica de inovação, “estamos a olhar para startups que têm ratings de crédito, algoritmos ou técnicas que nos permitam fazer uma aposta segura quando falamos do investimento no solar”. É preciso garantir, com a maior rapidez, que quem quer investir tem realmente capacidade para fazê-lo. Por isso, reforça o responsável, “procuramos empresas que estejam a trabalhar com standards de open banking, o que é algo novo, e que nos dará detalhes de crédito e das possibilidades de cada investidor. Não é, por si só, uma inovação, mas ajudará a acelerar este mercado”.