Condução autónoma: o humano na equação

Perceber como age o ser humano na estrada parece ser a chave para uma condução autónoma bem-sucedida. Quem o diz é Maarten Sierhuis, diretor-geral de Tecnologia no Nissan Innovation Lab, sediado em Silicon Valley, na Califórnia

Engenheiros, especialistas em software, peritos em tecnologia de sensores e inteligência artificial, cientistas da computação, especialistas em produção e muitos outros ajudam a construir uma visão holística que a Nissan acredita ser crucial para obter os carros autónomos do futuro, feitos a pensar no utilizador. Neste grupo heterogéneo de profissionais há, inclusive, espaço para antropólogos especializados em etnografia, que estudam a relação do ser humano com o objeto – neste caso o automóvel.

“Não podemos retirar o ser humano da equação quando falamos de condução autónoma”, acredita Maarten Sierhuis, o especialista em inovação da Nissan, que também já fez carreira na NASA. Human-in-the-loop, ou HITL, é definido como um modelo que requer interação humana, sendo o conceito que a Nissan tem sempre presente na trajetória que tem feito rumo a uma condução autónoma, segura e possível de implementar num futuro próximo. O objetivo é simples: Primeiro, há que perceber como funciona a condução e o comportamento humanos, de forma a construir sistemas que as pessoas tenham prazer em utilizar.

Por um lado, “as pessoas têm de conseguir interagir com um sistema autónomo como se estivessem a interagir com uma pessoa”, refere Maarten Sierhuis. Por outro, o próprio carro autónomo também deve conseguir interagir com os humanos, os que estão dentro e fora da viatura. Existem, no entanto, situações em que o veículo não consegue tomar certas decisões sem a ajuda do ser humano. “A estas situações nós chamamos de ‘situações excepcionais' ”, explica o diretor-geral de Tecnologia no Nissan Innovation Lab, de Silicon Valley. Todavia, os testes indicam que o automóvel autónomo já consegue resolver 90% das situações no trânsito.

O projeto HumanDrive

No final do ano passado, a Nissan realizou o percurso mais longo e complexo de um automóvel autónomo, facto que representou um marco importante na conceção deste género de veículos. A viagem foi concluída com sucesso a 28 de novembro de 2019, com dois engenheiros a monitorizarem permanentemente as ações de um Nissan Leaf. Foi uma viagem de 370 quilómetros, com navegação autónoma pelas estradas do Reino Unido, realizada no âmbito do projeto de investigação HumanDrive.

Um Nissan Leaf conseguiu percorrer 370 quilómetros no Reino Unido sem intervenção humana

Para além da viagem, o projeto concluiu outro teste: uma análise baseada em testes de pista que explorou a condução semelhante à humana utilizando a aprendizagem automática, com o objetivo de melhorar a experiência do utilizador. A iniciativa reflete os mais recentes avanços da mobilidade e dos carros autónomos, uma área que se espera que num futuro próximo possa sofrer evoluções rápidas e significativas.