Maratona frente ao mar

Durante 24 horas, 120 estudantes desenvolveram ideias e projetos para uma economia do mar mais sustentável no Innovathon. Os vencedores irão participar no evento internacional agendado para o próximo ano, durante a Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos, em Lisboa

É final de tarde, mas o sol ainda não deu tréguas. Faltam 21 horas para terminar o Innovathon. Com o relógio em contagem decrescente, as dez equipas vão debatendo ideias debaixo de uma tenda de lona, instalada na Praia de Carcavelos, onde irão trabalhar, dormir e alimentar-se até ao fim do evento. São, ao todo, 120 alunos de 18 universidades, com perfis muito distintos. Há engenheiros, médicos, geólogos... todos com um objetivo comum: desenvolver soluções sustentáveis para a economia do mar.

“Decidimos abordar o tema da aquacultura”, explica Erica Godinho, geóloga, de 29 anos, e líder de uma das duas equipas da Galp. “Queremos desenvolver um sistema autossustentável, que não exija a intervenção humana, com poucos custos de manutenção e que tenha uma fonte de energia própria, aproveitando a força das ondas”, explica à Energiser. “Este método de pesca offshore ainda acarreta vários problemas, devido aos custos, à sensibilidade das espécies e aos microplásticos.”

Organizado pelo CEiiA e pelo United Nations Global Compact sobre os desafios associados à implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, a partir dos quais se desenvolvem novos produtos e serviços para a sustentabilidade do planeta, o Innovathon foi sobretudo um encontro de conhecimento e partilha de ideias, na véspera de uma data simbólica: o Dia Mundial dos Oceanos, que se celebrou a 8 de junho.

Presente na cerimónia de abertura do evento, Ana Paula Vitorino, ministra do Mar, lembrou que “nunca se parte do zero” e reforçou a importância decisiva que é passar a mensagem. “Vocês têm de inventar soluções para fazer uma coisa que é disruptiva. Quando pensamos nos incêndios, é fácil associar uma mensagem para preservar a nossa floresta. E relativamente mar, que nos sustenta, como é que o fazemos? Temos de associar uma imagem diferente, de que estamos a fazer ao o presente mas também o futuro. E isso só pode ser feito através de vocês.”

A chave do futuro está nos oceanos. E foi partindo dessa premissa que os “inovatecos”, cinco estudantes do Instituto Superior Técnico, se tornaram os grandes vencedores do evento. “O problema que nos propomos resolver são os oito milhões de toneladas de plástico que todos os anos acabam no oceano. Propomos reduzir o plástico nos oceanos incentivando o consumo sustentável. Como? Através de uma aplicação que permite um sistema integrado desde a compra à monitorização, passando pelo incentivo e benefício ao consumo sustentável.”