A oportunidade que vem do oceano

Wenche Grønbrekk é conselheira das Nações Unidas para a economia do mar. A norueguesa, que passou recentemente em Portugal, está focada no objetivo de desenvolvimento sustentável número 14: os oceanos

Nas costas da T-shirt, cada participante do Innovathon tem uma ilustração com os 14 objetivos de desenvolvimento sustentável definidos pelas Nações Unidas. Wenche Grønbrekk, conselheira sénior da ONU para os assuntos do mar, viajou de Nova Iorque até Lisboa para falar de um em particular, durante a maratona de inovação, na Praia de Carcavelos - o número 14. E deixou uma mensagem: os oceanos são uma oportunidade.

“Há uma enorme discussão sobre quanto vai custar o futuro de baixo carbono e todos os investimentos que implica. Mas, se pensarmos bem, estamos perante uma oportunidade. O mar é uma indústria de milhões de dólares. A transição será boa para as empresas e os países envolvidos”, disse à Energiser durante o evento que juntou 120 alunos, em busca de soluções sustentáveis ligadas à economia do mar, durante 24 horas. “É importante ver tanta gente comprometida.”

Parte do trabalho desta norueguesa, atualmente a viver em Nova Iorque, é difundir oportunidades de negócios ligados à sustentabilidade do mar e da indústria alimentar através da Global Compact, das Nações Unidas. No ano passado, no Dia dos Oceanos, a 8 de junho, foi lançada a UN Global Compact Sustainable Ocean Business Action Platform, que junta milhares de empresas ligadas à economia do mar. Wenche é representante de uma delas, sediada em Oslo.

“Trata-se de uma iniciativa global. Trabalhamos com empresas líderes em áreas como o transporte marítimo, a energia, a pesca, o turismo, a tecnologia, as finanças. A Global Compact representa quase 10 mil empresas a nível mundial”, refere a consultora da ONU e diretora de sustentabilidade e risco da Cermaq, uma empresa norueguesa referência mundial no setor da aquacultura – que no Innovathon inspirou vários projetos concorrentes.

A Cermaq, que trabalha sobretudo com o salmão, foi eleita a empresa mais transparente de aquacultura sustentável pelo estudo da Seafood Intelligence. Mas Wenche, formada em Consultoria de Gestão e com um master em Relações Internacionais e Económicas, não tem dúvidas de que a transição energética vai muito além do mar: “Não está apenas ligada aos oceanos. Estamos numa época de transição que irá afetar todos os setores da atividade económica”, afirmou durante o evento, lembrando a responsabilidade de Portugal como anfitrião da UN Ocean Conference 2020.

“A transição está em toda a parte. Alguns países estão mais empenhados do que outros na agenda da sustentabilidade. De que forma passamos para uma economia mais verde? Com o contributo de todos. Estou muito otimista.”