Imagine um carrinho de compras inteligente e inclusivo que dá direções a clientes com deficiência visual. Um sistema útil que facilitaria muito a vida a estas pessoas nas idas ao supermercado, uma das tarefas básicas do seu dia a dia. A ideia venceu a XVII Competição Nacional do Start Up Programme da Junior Achievement Portugal (JAP) e nasceu do trabalho conjunto de um grupo de alunos da Universidade do Minho que depois de alguns momentos de grande expectativa garantiram não estar “nada à espera” de ouvir o nome do seu projeto ser chamado ao palco para receber o prémio principal, atribuído pela Fundação Galp. Felizes, viram assim o InCARE carimbar o passaporte para representar Portugal no maior festival de empreendedorismo europeu, Gen-E 24, que este ano se realiza na Catânia, em Itália, de 2 a 4 de julho.
A JA Portugal, de que a Fundação Galp é parceira, é uma associação sem fins lucrativos integrada na JA Worldwide, que existe há mais de um século para preparar crianças e jovens para o futuro, com a resiliência necessária para prosperar num mundo incerto e imprevisível. Os seus programas para a aquisição de competências assentam em três pilares fundamentais: Empreendedorismo e Cidadania, Literacia Financeira, Preparação para o Mundo do Trabalho. “A nossa missão de preparar os jovens para terem sucesso na economia global continua relevante hoje, porque o nosso conteúdo educativo evolui à medida que o mundo muda. Hoje, abraçamos a transformação digital e apoiamos as escolas nesta jornada, dando um grande foco na redução das desigualdades ao proporcionar oportunidades económicas para os jovens que mais delas necessitam. A nossa visão é um mundo onde todos os jovens tenham as competências e a mentalidade necessárias para construir comunidades prósperas”, explica Salvatore Nigro, CEO da Junior Achievement Europe.
O trabalho desta organização internacional tem vindo a ser reconhecido com três nomeações para o Prémio Nobel da Paz (2022, 2023 e 2024), além de ocupar o 5.º lugar das Social Good Organizations. “É a primeira vez que uma organização puramente de educação é nomeada para o Prémio Nobel da Paz. Os nossos programas são oferecidos em todas as geografias”, destaca Gonçalo Duque, CEO da JAP que se orgulha do percurso que tem vindo a ser trilhado no país. “Vamos comemorar em 2025 duas décadas de presença em Portugal, e este ano atingimos o meio milhão de alunos. Ou seja, desde 2005 já impactámos 500 mil estudantes. Estamos presentes em todos os distritos, pelo que é uma operação bastante consolidada”, acrescenta o responsável.
Ao nível europeu, 70.000 jovens participam todos os anos no Start Up Programme. Alguns deles, diz Salvatore Nigro, “tornam-se empresários de sucesso. Hoje, muitas das maiores e mais inovadoras startups europeias são fundadas por Alumni da JA. Outros continuam as suas carreiras como líderes em diferentes setores empresariais”.
A IMPORTÂNCIA DAS PARCERIAS
Para este resultado, o apoio dos parceiros tem sido fundamental não apenas ao nível financeiro como de voluntariado. A Junior Achievement foi concebida não como um mero ato de mecenato, mas sim com uma visão de investimento social. Além do impacto direto nos alunos, o voluntariado corporativo tem uma influência importante, já que cerca de 70% a 75% dos programas dependem exclusivamente dos voluntários que oferecem a sua expertise sobretudo em termos de mentoria nos conteúdos lúdico-pedagógicos que são levados às escolas. Para além do papel educativo que têm nos alunos, também os voluntários podem fomentar habilidades essenciais, como a comunicação e a empatia, que consequentemente transportam e aplicam nos seus ambientes de trabalho, através da sua participação.
É o caso de Carla Sofia Costa, responsável pela expansão e consolidação comercial da área da mobilidade da Galp. Estreou-se como voluntária neste programa da JAP para “perceber o nível de empreendedorismo e de entrega das camadas mais jovens portuguesas, bem como a capacidade que elas têm de reinventar soluções em matérias que para nós, algumas delas, já são conhecidas. Essa capacidade enorme que eles têm de olhar os problemas sob outra perspectiva e de lhes dar outra dimensão é super interessante”, explica. Na XVII Competição Nacional do Start Up Programme Carla avaliou alguns dos trabalhos apresentados e mostrou-se satisfeita com o facto de emergirem dos projetos duas grandes preocupações: as questões ambientais e sociais. “É importante ver a preocupação deles com o outro e a capacidade de perceberem que o futuro passa pela entreajuda, que não são só questões económicas e financeiras. Temos tendência para pensar que os nossos jovens hoje são muito digitais, muito competitivos, que não têm capacidade para olhar o outro, pelo que fiquei agradavelmente surpreendida”, assume a voluntária, que se diz disponível para dar continuidade a esta tarefa tão rica. Desta experiência, remata, “concluí que o trabalho de equipa e das parcerias é efetivamente essencial para se conseguir chegar a um objetivo”.
FERRAMENTA PARA O SUCESSO
Mais uma vez, na XVII Competição Nacional do Start Up Programme, os mais de 1000 estudantes envolvidos, de várias universidades em Portugal, tiveram oportunidade de desenvolver diferentes competências interpessoais, de testar os seus limites e de aceitar riscos. “Em Portugal, é uma ferramenta importante para combater as assimetrias regionais que o país apresenta, desafiando estudantes de diferentes partes do país e dando-lhes ferramentas para construir bons projetos que possam realmente fazer a diferença no seu futuro”, finaliza o CEO da JA Europe. E é de olhos postos no futuro que a Junior Achievement quer continuar a expandir-se, estando já a colaborar com redes académicas e a OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico para aumentar a consciencialização sobre o programa, introduzi-lo em novas universidades e chegar, assim, a um cada vez maior número de jovens.
Estes são os vencedores da XVII competição nacional do Start Up Programme
A avaliação dos projetos ficou a cargo de 12 jurados em representação de associados e parceiros, incluindo a Fundação Galp e a anfitriã, a Câmara Municipal de Cascais. Foram seis as equipas vencedoras:
1.º Prémio (by Galp & Fundação Galp)
InCARE, da Universidade do Minho
Prémio Impacto (by DNA Cascais)
Adote um neto, da Universidade do Minho
Prémio Ready to Go (by Zurich)
PET 24, da Universidade do Minho
Prémio Power Tech (by Dreamshaper)
BluEase, do ISCTE
Prémio Business (by BPI)
ApolloMed Tech, do ISCTE
Prémio Best Pitch (by Alumni- Trade)
Right Decision, da Universidade de Évora