“A economia e o mundo são de baixas emissões”

Cumprir as metas da neutralidade carbónica até 2050 é uma missão ambiciosa que exige reinvenção, inovação para criar tecnologias que ainda não existem, e para aproveitar o momento ideal que vivemos para fazer a transição para um mundo mais competitivo

“É uma questão de tempo, uma questão de velocidade e não de direção”. É assim, de forma simples e direta, que Juan Verde, estratega governamental e empresarial e defensor da economia verde, justifica a opinião de que “a economia e o mundo são de baixas emissões”. Desafiado para uma conversa informal, repleta de temas que marcam a atualidade do mundo, o homem que trabalhou ao lado de políticos americanos como Barack Obama ou Bill Clinton, aceitou o convite da COO da Galp, Sofia Tenreiro, para uma Energiser Talk e em conjunto partilharam experiências, ideias e opiniões.

Sobre os desafios do incontornável caminho em direção à neutralidade carbónica, ambos defendem a importância da inovação tecnológica “para acertar o passo”. Juan Verde acredita que serão as mudanças proporcionadas pela tecnologia a mudar o mundo no período pós-pandemia, e ao longo das décadas que ainda nos separam da meta estabelecida para 2050. “A inovação tem de ser contínua e é preciso que empresas e negócios se reinventem, continuamente, para manter a competitividade”, reforça.

“A inovação tem de ser contínua e é preciso que empresas e negócios se reinventem, continuamente, para manter a competitividade”

Uma ideia partilhada por Sofia Tenreiro e que reflete o caminho que a Galp já começou a trilhar, ciente de que “sustentabilidade – ambiental, empresarial e financeira – é sinónimo de futuro”, diz. Na opinião do estratega, liderar a mudança e ter a visão para mostrar o caminho é a oportunidade de inovar e de mudar o mundo. Já as empresas que escolham esperar antes de reagir tenderão a desaparecer. Juan Verde recorda que todas as transições, especialmente as revoluções energéticas na História, começaram lentamente, mas, “a certa altura, ganharam dinâmica e a velocidade tornou-se exponencial”.

Mas, para que isto aconteça, e para fazer a transição para um futuro mais competitivo, o modelo de negócio tradicional no setor energético precisa de ser alterado. “E é nesta fase que estamos”, afirma Juan Verde que, acrescenta: “Está tudo à espera de ser feito, é um mundo de oportunidades”. A entrada de novos players no mercado da energia é já uma realidade, mas, acredita o estratega, mais do uma ‘ameaça’ aos incumbentes é uma oportunidade de inovação e um incentivo ao empreendedorismo de todos quantos atuam no setor. “Precisamos de ser ágeis, rápido e corajosos”, concorda Sofia Tenreiro. A administradora da Galp admite que a empresa pretende continuar a fornecer energias fósseis aos consumidores que ainda usam veículos de combustão, apostando, contudo, cada vez mais na mobilidade elétrica, nas energias renováveis, e nos painéis fotovoltaicos.

“Está tudo à espera de ser feito [no setor energético], é um mundo de oportunidades”

A conversa tocou ainda outros pontos chave dos desafios que se impõem atualmente ao ambiente, ao mundo empresarial, e aos cidadãos e consumidores, e as mudanças que ocorrerão no pós-covid. Na opinião do estratega, os consumidores serão um elemento central no processo de neutralidade carbónica, uma vez que determinarão quais as empresas que sobreviverão por via de escolhas de consumo mais responsáveis. “Eles querem que as empresas sejam mais eco-responsáveis e já não ficam satisfeitos com táticas de green washing ou qualquer outra alternativa que não seja verdadeira, sobretudo depois da covid-19”, defende, reforçando que ir ao encontro do que os consumidores querem abre inúmeras oportunidades de negócio para quem esteja atento. “As empresas que mudaram o mundo sempre foram as que tiveram coragem para se reinventarem, e de procurar oportunidades onde outros não as viram”, conclui.

Leia os destaques da Energiser Talk no segundo volume da revista Energiser aqui, veja o vídeo e ouça o podcast da conversa.