Uma relação para a vida

Quando, com 18 anos, o jovem Josué Tato começou a trabalhar na equipa de construção da Fábrica de Aromáticos, em Leça da Palmeira, não imaginava que aquele se transformaria no emprego da sua vida. 47 anos depois, o grupo Galp continua a ser a sua casa e, apesar de ter atingido os 65 anos de idade, não pensa ainda na reforma. A sua história é inspiradora

O primeiro contrato de trabalho é de dezembro de 1977, mas a ligação emocional do atual gestor de património imobiliário com a Galp começou na infância. “Quando andava na escola primária fui com a professora e os meus colegas assistir à inauguração da SONAP – Sociedade Nacional de Petróleos –, no Parque de Real, em Matosinhos, o local onde agora trabalho, numa cerimónia presidida pelo então Presidente da República, Américo Tomaz”, lembra Josué Tato com carinho este momento tão marcante na sua vida. A sua família esteve sempre ligada à refinaria e ao petróleo. O seu pai, atualmente com 90 anos, trabalhou como torneiro mecânico na Sacor, a primeira empresa petrolífera portuguesa que faz parte da história da Galp. Josué testemunhou a construção da refinaria, em 1967, e recentemente, com tristeza, a sua demolição. “Vi nascer e desaparecer aquela que foi minha vizinha de casa e trabalho”, diz.

47 anos de memórias

A Galp representa para Josué a empresa onde cresceu a todos os níveis e, nas suas palavras, onde se “fez homem”.

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Profissionalmente, assumiu várias funções, iniciando como 3.º escriturário na área de Contabilidade do projeto da Fábrica de Aromáticos e, em 1979, antes de aquela ser integrada na Refinaria de Matosinhos, passou para a área de Aprovisionamento, onde foi Agente de Compras. Seis anos mais tarde, foi para os Recursos Humanos e, em 1988, foi para o negócio da Comercial, promovido a Gestor de Cliente, função externa que desempenhou durante 18 anos. Desse tempo recorda as viagens que fazia e raro era o ano em que não percorria mais de 80 mil quilómetros a conduzir. O primeiro posto de combustíveis que inaugurou foi o da Vagueira, em Vagos, em 1989. Na memória tem também o posto de Miramar, em Gaia, que, em 1987, vendia cerca de dez milhões de litros de combustível por ano.

Por causa das funções que ocupava, foi pioneiro no uso de um computador. A empresa disponibilizou um IBM Série 1 “enorme” de que ainda se lembra: “Existia uma lista manual com os códigos dos clientes que depois introduzíamos no computador mas, como eu sabia tudo de cor, não precisava do papel para nada”.

Em 2006, começou a gerir o património imobiliário da empresa, até hoje.

Josué Tato assumiu várias funções nos seus 47 anos de casa e hoje faz parte da área que gere o património imobiliário da energética

Pessoalmente, a companhia foi sempre um apoio “fundamental e extraordinário”. Casou-se em 1985, teve uma filha, atualmente com 35 anos, ficou viúvo em 1999 e voltou a casar-se em 2012.

Pelo caminho, licenciou-se em Direito em Coimbra, concluiu um mestrado em Ciências Jurídico-Forenses no Porto, fez o estágio da Ordem dos Advogados e, na Academia da Galp Energia, fez ainda os cursos de Direito da União Europeia e Direito, Negócios e Justiça. “A empresa nunca criou nenhum entrave para que estudasse e adquirisse novas competências, pelo contrário, sempre incentivou e incentiva quem quer fazê-lo”, afirma.

Por estas e outras razões, Josué Tato “veste a camisola” da companhia com muito orgulho e até fez parte, durante vários mandatos, do Núcleo Norte do Clube Galp, presidindo ao seu Conselho Fiscal nos últimos 12 anos. Atualmente mantém colaboração nos órgãos sociais.

Do Leixões desde pequenino

Nos tempos livres, foi atleta de voleibol no Leixões Sport Club. A paixão pelo clube da sua terra vem, literalmente, do berço. É o sócio n.º 42 e foi inscrito pelo pai no dia 2 de março de 1959, poucas horas depois de ter nascido.

O Leixões Sport Club ainda é hoje o clube do coração de Josué Tato

“O Leixões subiu à 1.ª Divisão no domingo, 1 de março, e o meu pai foi inscrever-me como sócio no dia seguinte”, lembra. A ligação umbilical com o clube nunca foi cortada, mas os anos que estudou em Coimbra levaram-no também a ter “alguma simpatia” pela Académica. O avô e o pai foram atletas no clube e, seguindo a tradição familiar, esteve e continua a estar sempre próximo do Leixões. “É como uma família e, mesmo mais afastado, continua sempre perto do clube”, afirma, convicto.

O golfe é uma das grandes paixões, a par dos passeios de mota

Os passeios de moto são outra paixão que o receio de ter um acidente fez com que voltasse apenas a conduzir um carro. Agora, é no golfe e no xadrez que ocupa o pouco tempo livre que tem.

Amizades para sempre

A amizade entre os colaboradores da empresa é, para Josué Tato, uma memória preciosa que guarda no coração. Os colegas acompanharam-no sempre em todos os momentos da sua vida ao longo dos últimos 47 anos. Foram eles que organizaram a despedida de solteiro quando se casou, que o ampararam nos momentos mais complicados e que o incentivaram sempre que foi preciso. E são muitas as situações que aponta como exemplo: “Conheci a minha esposa por causa da Galp”. Num processo relacionado com o património da empresa, reuniu-se com uma advogada. Ficaram amigos, namoraram e casaram. “Como se vê, a Galp é muito mais que um local de trabalho, é a vida, a minha vida”, conclui com emoção.

Josué, ao centro, com a sua primeira chefia, Manuel Gomes, à direita, e Assunção, à esquerda, em janeiro de 1978, no edifício administrativo da Refinaria de Matosinhos