“Sustentabilidade é muito mais do que apenas CO2 e ambiente”

Lee Hodder, diretor de Strategy & Sustainability na Galp, partilhou na IPBN Sustainability Conference a sua visão sobre o desafio da energética, dos mercados e do mundo até 2050

Falar sobre a transição para energias limpas, sobre desenvolvimento e criação de redes energéticas e de comunicação, e sobre o caminho que as organizações terão de trilhar para desenvolver soluções que suportem e contribuam para a concretização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (OSD), definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), foi o desafio proposto pela IPBN (Ireland Portugal Business Network) aos participantes na terceira edição da IPBN Sustainability Conference. Os tópicos serviram de ponto de partida para as apresentações e para o debate que animou o Salão Nobre da sede da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP).

O diretor de Strategy & Sustainability da Galp esteve na IPBN Sustainability Conference onde partilhou a sua visão sobre o desafio da energética, dos mercados e do mundo

Lee Hodder, diretor de Strategy & Sustainability da Galp, foi um dos oradores que aceitou o desafio da rede de empresários portugueses e irlandeses. “As próximas décadas serão de grande transformação no setor energético e no mercado”, disse, em jeito de enquadramento, para explicar a forma como a Galp está a encarar e a responder a este desafio. Na energética, 2021 foi um período de alinhamento estratégico e de redefinição de propósito. “A atualização da estratégia da Galp definida em 2021 responde às nossas ambições para o futuro, considerando uma aceleração da transição energética e a necessidade de nos focarmos no baixo carbono”, explicou o responsável, que reforça o reconhecimento de que o sistema energético está a mudar como ponto de partida para a mudança que assenta em quatro pilares estratégicos: o crescimento no segmento upstream; a transformação downstream, tirando maior partido do valor dos ativos; o crescimento nas renováveis através da expansão do portfólio atual; e a aposta nas novas energias, através do desenvolvimento de opções futuras e a partir de pontos de valor no portfólio e skills atuais.

No entanto, “a meta é ambiciosa e não será possível sem o envolvimento das equipas”, defende Lee Hodder. Parte da renovação na Galp, explica o responsável, começa por dentro, com a aposta numa nova liderança, uma nova estratégia de pessoas, e o reforço da organização em áreas de crescimento. “Temos que aprofundar a nossa compreensão de como vamos atingir estes objetivos, e a nossa equipa já está a trabalhar em passos concretos para fazê-lo, nomeadamente sobre a forma como podemos criar e desenvolver negócios sustentáveis de baixo carbono para os nossos clientes”, exemplifica.

Colaboração é a chave para uma transição mais rápida

O aumento dos desastres naturais e do aquecimento global continuam a ser a face mais visível e a grande motivação para uma inevitável transição energética. Mas, como refere Lee Hodder, “a sustentabilidade é muito mais do que apenas CO2 e ambiente”. Trata-se, na sua opinião, de tomar decisões de negócio, mas também sociais, com impacto nos mercados, na sociedade e no mundo em geral. E, para consegui-lo, é preciso trabalhar em conjunto. “A colaboração será a chave”, reforça.

O projeto da Galp em Sines é disso exemplo. “É a localização perfeita para a colaboração acontecer”, acredita Lee Hodder. Seja para a distribuição ou para a produção de hidrogénio, para a instalação de data centers ou para a geração de energias limpas, o responsável da Galp acredita que Sines dispõe da localização geográfica ideal, com um porto de águas profundas que dá acesso a todo o mundo e redes de comunicações que ligam Portugal à América Latina. “Temos todos os ingredientes para que Sines se torne num hub com nível mundial”, diz. No entanto, reforça que é também responsabilidade da Galp contribuir para essa colaboração e trabalhar em conjunto com o Governo e com outras empresas descobrindo como tirar melhor partido destas características.