Competir com energia elétrica

André Gonçalves, um dos engenheiros por trás do protótipo português T3EV espera que, já no próximo ano, este possa vir a competir no Campeonato Nacional de Todo-o-Terreno abrindo caminho a uma nova categoria só para elétricos

À primeira vista, a presença de um buggy todo-o-terreno entre híbridos e elétricos até pode parecer deslocada mas, talvez por isso, o pioneiro veículo de competição T3EV acabou por ser uma das estrelas do Salão do Automóvel Híbrido e Elétrico (SAHE) 2021, que se realizou no Porto.

Integralmente elétrico e totalmente desenvolvido em Portugal pela empresa de engenharia ADESS com o patrocínio da Galp, o T3EV é ainda um protótipo mas já mostrou o seu potencial na Baja TT Capital dos Vinhos de Portugal em Reguengos de Monsaraz deixando boas indicações nos primeiros testes de ação real no terreno. A expectativa da equipa de desenvolvimento é que possa, “já no próximo ano, competir com os T3 a combustão ou pelo menos participar com eles nos mesmos eventos. Mesmo que tenhamos uma classificação diferente [dos veículos T3], o objetivo continua a ser esse”, refere André Gonçalves, um dos engenheiros responsáveis da ADESS – Advanced Design and Engeneering System Solutions, AG.

André Gonçalves preconiza, de resto, que poderá não faltar muito até que “apareça uma categoria só para elétricos” e que estes venham a disputar ombro a ombro a classificação com os tradicionais veículos de competição com motores de combustão interna.

Para já, as principais características deste offroad são dois motores independentes que permitem controlar a tração traseira e dianteira de forma independente, uma bateria dupla de 54 Kwh, além de um binário instantâneo, tradicional dos automóveis elétricos. Além disso, “temos 2.000 Nm por eixo, ou seja, um valor bastante elevado, e a potência combinada de 536 cavalos”, acrescenta André Gonçalves. Estas características permitem a este buggy atingir a velocidade máxima de 140 km/h e ter uma autonomia de 70 km em modo de corrida e 150 km em modo cruzeiro, o que o torna especialmente indicado para competições como as bajas, visto que são provas de ralis de curta distância.

GALP A ACELERAR

Para a Galp, patrocinadora oficial do projeto, o investimento neste veículo é a continuidade natural de uma fortíssima aposta “desde muito cedo [2010] na mobilidade elétrica”, concretiza Rui Vieira, responsável de mobilidade elétrica da energética. E reconhece que embora este não seja o foco principal da atividade da Galp, há um interesse estratégico “em todo o tipo de projetos que vêm provar esta nova tecnologia”.

Para Rui Vieira, projetos como este buggy elétrico T3EV são reveladores das capacidades da mobilidade elétrica

Naturalmente, conclui este responsável, a expansão de pontos de carregamento rápido e ultrarrápido “serão as áreas de maior desenvolvimento nos próximos anos”, mas a Galp nunca deixará de “apoiar projetos com conceitos inovadores na área da mobilidade elétrica”.