A diversidade potencia o desempenho das organizações

Organizações com equipas compostas por pessoas com experiências, origens sociais e culturais diversas são potencialmente mais ricas e bem-sucedidas. Esta foi uma das conclusões de um encontro da PWN Lisbon que contou com a participação de Ana Silveira, Head of External Relations & Regulation da Galp

O confronto de ideias e de perspetivas é uma riqueza que deve ser cultivada e mantida no seio das organizações que deverão ser, no futuro, mais inclusivas, empáticas e respeitadoras da sua visão e princípios éticos. Estas foram algumas das principais ideias lançadas durante o debate que decorreu durante o Grande Encontro Anual da Professional Women’s Network Lisbon (PWN Lisbon).

Confronto de ideias

Ana Silveira, Head of External Relations & Regulation da Galp, acredita que a diversidade potencia a performance das organizações. Em entrevista após o debate que decorreu sob o tema "Sinergias para a Diversidade", defendeu que a riqueza gerada pelo confronto de ideias e perspetivas entre equipas diversas "resulta muito da diferença de visões que os seus membros têm", em consequência das suas origens sociais e culturais, das suas experiências e também da forma como foram educados e formados. "Por isso, quanto mais diversas forem as organizações, maior será o potencial de sucesso pela melhor performance económica e financeira", defendeu a responsável da Galp. E perspetivou que, no futuro, as empresas irão certamente encontrar formas de tornar os seus processos de seleção e recrutamento mais inclusivos, "não no sentido de impor quotas em relação a sexo, género ou origem geográfica, mas sim para escolher os melhores, tal como o fazem já algumas orquestras sinfónicas". Ana Silveira contou que, no processo de recrutamento, uma cortina separa os responsáveis pela seleção e os músicos candidatos, porque aquilo que interessa é o seu desempenho. E está convencida que, no futuro, as empresas irão introduzir critérios indutores da diversidade nos seus processos de seleção e recrutamento, porque isso irá torná-las mais ricas, sustentáveis, empáticas e eficientes.

Ana Silveira integrou um painel que, no Grande Encontro Anual da PWN Lisbon, "desformatou a diversidade"

Pedro Norton de Matos, mentor e organizador do Greenfest, defendeu durante o debate, que “os grandes saltos da humanidade são feitos com base na cooperação”. Entre pessoas, empresas e/ou estados, como aconteceu recentemente com a corrida em busca de vacinas contra a covid-19, num processo que nunca tinha sido tão rápido e eficiente como este e que foi, felizmente, bem-sucedido. O número de vidas que já foram e serão salvas atesta isso, apesar de ainda não haver certezas em relação ao futuro. E é importante pensar nele, como defendeu Pedro Soeiro de Carvalho, diretor executivo do MBA Instituto Superior de Economia e Gestão, da Universidade de Lisboa, até porque é cada vez mais complexo e ambíguo. Por isso, e como explicou Miguel Eiras Antunes, líder mundial da prática de Smart City, Smart Nation & Local Government da Deloitte é fundamental, antes de começar o caminho, que as organizações e as suas pessoas saibam mesmo para onde querem ir. para Pedro Norton de Matos, as pessoas precisam de pensar menos em si e mais no seu papel como parte de um todo, que inclui os outros seres humanos, porque é a melhor forma de avançar pelo melhor caminho e na direção certa. “O ser humano tem de apostar mais na sustentabilidade, e na diversidade, porque é essencial também para o seu futuro”, explicou.

Bom planeamento

Mas para que isso aconteça mesmo, em Portugal e no mundo, é preciso que haja planeamento. Principalmente no que diz respeito às cidades, onde habita hoje uma parte significativa da humanidade. “É nelas que se concentram 50% das pessoas, se gera 80% do PIB mundial e se emitem 75% dos gases com efeito de estufa”, disse Miguel Eiras Antunes, explicando que as sociedades foram planeadas essencialmente por homens, e para homens dos 35 aos 50 anos. “Isso tem de mudar”, afirmou, acrescentando que o futuro das zonas urbanas tem de ser mais verde e inclusivo, até para permitir que os jovens e idosos possam contribuir para a sua economia. Segundo Miguel Eiras Antunes é, por isso, que a Austrália está empenhada em tornar-se um país mais inclusivo, e perspetiva mesmo que o seu PIB irá crescer 1% quando os objetivos que este país pretende forem atingidos.