É no município de Alcoutim, no Algarve, à beira do Guadiana, que encontramos o primeiro grande parque solar da Galp em Portugal. Na estrada entre Vaqueiros e Martim Longo, os mais de 250.000 painéis fotovoltaicos, distribuídos por quatro centrais que ocupam cerca de 250 hectares (o equivalente a cerca de 350 campos de futebol), fazem parte da paisagem e perdem-se de vista.
Com uma potência instalada de 144 megawatts, têm uma capacidade anual para produzir 250.000 megawatts/hora de energia, abastecer 80.000 famílias e evitar a emissão para a atmosfera de 75.000 toneladas de CO2. Números impressionantes num momento-chave da aposta da empresa em energias alternativas. Para Carlos Relancio, diretor de Energias Renováveis da Galp, “este investimento é uma mostra importante do compromisso da Galp com a transição energética”, representando uma grande satisfação para toda a equipa envolvida no projeto desde o seu nascimento, em 2017.
Agora, e através da Fundação Galp, o parque deu origem a uma iniciativa para promover a mobilidade, a inovação e o desenvolvimento local assim como a inclusão social, alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). “Para a Galp e para sua Fundação é essencial que consigamos estar junto das comunidades onde nos encontramos inseridos, como é o caso de Alcoutim com o nosso primeiro parque solar. Somos vizinhos e como vizinhos temos aqui este compromisso de construção conjunta”, salienta Sandra Aparício, da Fundação Galp.
DA INCLUSÃO SOCIAL AO “BIKE SHARING”
O projeto, que dá pelo nome de Vilas em Movimento, já está no terreno, graças ao apoio do Município e da Odiana – Associação para o Desenvolvimento Local do Baixo Guadiana, a qual fez o trabalho de campo de identificar necessidades da população local e de implementar ações de combate ao isolamento social da população sénior e de valorização do património natural e cultural da região. “Estamos a dinamizar atividades, nomeadamente workshops sobre sustentabilidade mais direcionados para o público sénior, mas, no fundo, aberto a todas as idades. O feedback tem sido muito positivo porque as pessoas sentem necessidade de companhia quando se vive em áreas mais isoladas e estão, por isso, a aderir. Os momentos de convívio, por pequenos que sejam, fazem toda a diferença”, destaca Catarina Cavaco, diretora executiva da instituição.
A inclusão social é, pois, apenas um dos dois eixos em que o projeto está dividido. O outro diz respeito à mobilidade sustentável. De acordo com André Dias, da Daloop, empresa do grupo Galp dedicada à mobilidade elétrica, este eixo engloba a montagem de um sistema de 14 bicicletas elétricas partilhadas e de quatro estações, para utilização dos residentes e dos visitantes da vila de Alcoutim. Basta instalarem e acederem a uma aplicação móvel (disponível para android e iOS) para usufruírem do serviço. “Recorrendo ao que hoje há de melhor no mercado da micromobilidade para espaços urbanos, quisemos dar algo diferente a esta população que raramente usufrui deste tipo de serviços. Pessoalmente, sinto-me orgulhoso”, frisa o responsável, referindo que o sistema é escalável, se vier a ser necessário expandir para mais estações e mais localidades ao redor. “Para nós é a mesma tecnologia que já estamos a usar nos postos de carregamento, é só colocar mais estações e bicicletas”, remata.
ESPAÇO DE SAÚDE PARA TODOS
O eixo mobilidade entrecruza-se com o da inclusão social na remodelação do “Espaço Mobilidade”, em Martim Longo. Com salas destinadas ao uso gratuito da população, o espaço alia exercício físico, saúde/reabilitação física e bem-estar social.
O conceito já existia noutro local da freguesia, no entanto, ao abrigo da parceria com a Fundação Galp foi viável criar um novo e dotá-lo de todo o equipamento adequado para as intervenções possíveis de fazer ali. “É um serviço de apoio que já estávamos a prestar à população, um serviço de excelência que se conseguiu melhorar mais. Qualquer pessoa que tenha necessidade de recorrer àquele tipo de valência, com ou sem prescrição médica, só precisa de contactar a câmara municipal através do gabinete de ação social”, garante o presidente da edilidade, Osvaldo Gonçalves, que acrescenta: “É um privilégio contarmos com o apoio da Galp, que, acreditamos, dará bons frutos para o futuro”.
Um futuro cheio de ambição. Segundo Paulo Paulino, vice-presidente da Câmara com o pelouro, entre outros, do Planeamento Estratégico, Gestão do Espaço Público e Obras Municipais, o projeto Vilas em Movimento parte de um sonho maior que é ligar as duas margens do Guadiana, ou seja, Alcoutim a Sanlúcar de Guadiana (Espanha), estando em estudo uma ponte rodoviária, pedonal e ciclável que, se tudo correr bem, poderá estar pronta em finais de 2025. Neste contexto, sublinha, “o projeto das bicicletas faz todo o sentido”.
Esta é a primeira vez que o Baixo Guadiana conta com o selo da Fundação Galp num projeto em parceria com a Odiana e o Município de Alcoutim. Diogo Sousa, diretor executivo da instituição criada em 2009 com o fim de aprofundar e promover a cidadania e a responsabilidade social, não tem dúvidas de que este é um caminho que se faz “juntos e por muito tempo”.