Painéis solares reforçam eficiência energética na escola

Agrupamento de Escolas da Gafanha da Nazaré já tem em funcionamento os primeiros painéis solares ganhos na competição da Fundação Galp que distingue projetos escolares que promovam consumos energéticos mais eficientes

À chegada, um parque com largas centenas de bicicletas prova que estamos no sítio certo. A entrada no recinto escolar faz-se pelo meio de uma autêntica parada destes veículos de duas rodas, em lugar de destaque e protegidos por uma enorme cobertura. O edifício é todo ele rasgado por grandes janelas que dão para pátios por onde entra a luz solar em abundância e que permite dispensar as lâmpadas durante boa parte do dia.

Estes são os sinais mais evidentes de uma escola que trabalha de forma empenhada as questões da sustentabilidade ambiental e que motivou a visita de responsáveis da Fundação Galp, Galp Solar, Quercus, APA – Agência Portuguesa do Ambiente, ADENE - Agência para a Energia, Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) e Direção-Geral da Educação, todos eles parceiros do prémio Escola Energy Up, uma iniciativa da Fundação Galp destinada a premiar projetos inovadores, sustentáveis e inspiradores desenvolvidos por alunos e professores e cujo vencedor da primeira edição foi justamente o Agrupamento de Escolas da Gafanha da Nazaré com o seu SmartAir.

Eleito vencedor entre mais de 60 candidaturas, o projeto do Agrupamento de Escolas da Gafanha da Nazaré “destacou-se pelo facto de ser um apelo à mobilidade sustentável, de reforço à utilização da bicicleta, de monitorização e sensibilização para a qualidade do ar e por terem conseguido, de uma forma muito concreta, real e com consequência impactar a escola e a comunidade, nomeadamente o município de Ílhavo num projeto de ação”, refere o diretor executivo da Fundação Galp, Diogo Sousa.

O prémio – a instalação de painéis solares até um valor de 20 mil euros, oferecidos pela Fundação Galp e pela Galp Solar –, vai permitir ao Agrupamento de Escolas da Gafanha da Nazaré dar um “impulso muito importante no seu caminho para a descarbonização”, acrescenta.

TIRAR (MAIS) PARTIDO DA EXPOSIÇÃO SOLAR

Além dos 53 painéis já instalados – para os quais é estimada uma produção anual de 33,8 MWh, que permitem poupar cerca de 10% na fatura energética e uma redução de oito toneladas de CO2 –, estão ainda em processo de instalação na escola mais três ilhas de painéis solares, que alimentam baterias associadas a outros projetos piloto desenvolvidos pela escola na área do ambiente e da sustentabilidade: um posto de carregamento de telemóveis, um sistema de rega da estufa por sensores e uma unidade de monitorização da qualidade do ar, tudo equipamentos desenvolvidos internamente na escola, pelos alunos e professores, e integrando várias áreas curriculares, desde as TIC, Aplicações Informáticas, Físico-Química, Inglês e Francês.

Os 53 painéis solares já instalados permitem uma poupança de cerca de 10% na fatura energética e uma redução de oito toneladas de CO2

Na base do projeto estava a sensibilização para a retoma do uso de bicicletas ou de veículos de tração elétrica, mas o desenvolvimento do conceito foi muito mais além, elaborando um diagnóstico às condições de mobilidade na cidade, traçando campanhas de sensibilização e ações de lóbi para melhoria dos acessos para os meios de locomoção não poluentes. A iniciativa SmartAir já contava, de resto, com o envolvimento do município e tinha dado origem à criação de um kit de medição de CO2 para avaliar a evolução dos níveis de poluição atmosférica na Gafanha da Nazaré.

De salientar que este kit, bem como outros equipamentos de medição da qualidade do ar e de carregamentos de telemóveis e veículos elétricos foram integralmente desenvolvidos na escola pelos alunos, com a supervisão dos professores Manuel Santos e Teresa Pacheco, que coordenam o projeto.

A LIÇÃO DOS ALUNOS

A capacidade técnica não deixou indiferente o presidente da Câmara de Ílhavo, João António Campolargo, que no final da visita à escola confessou ter recebido “uma grande lição dos alunos, que nos mostraram que com práticas simples é possível desenvolver equipamentos que possam fazer carregamentos elétricos a bicicletas ou outro tipo de equipamentos que podem ser usados na via pública e, mais importante ainda, ser made in Ílhavo”.

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No mesmo sentido, Diogo Sousa, da Fundação Galp, sublinha a importância deste foco na inovação, lembrando que de acordo com a Agência Internacional de Energia “as soluções de descarbonização e que podem garantir os objetivos de carbono zero até 2050 ainda não foram inventadas, portanto é importante perceber que, sim, isto são experiências novas, abordagens novas à escala local, mas que têm um potencial e um valor enorme quando pensamos nos desafios futuros”.

Além do papel de sensibilização da comunidade, a diretora do agrupamento, Maria Eugénia Pinheiro, destacou ainda “a mais-valia significativa que este projeto representa no programa educativo e o entusiasmo que tem despertado nos alunos”. A professora confessa-se orgulhosa pelo prémio recebido, mas faz questão de sublinhar que “este projeto já existia, não foi feito para o concurso, e reflete uma preocupação ambiental que é uma marca nossa há muito tempo”, e que fica bem patente no facto de todas as oito escolas que compõem o agrupamento terem a distinção de eco-escolas.

Em sintonia com Maria Eugénia Pinheiro, o diretor executivo da Fundação Galp considera que o Agrupamento de Escolas da Gafanha da Nazaré “é um exemplo para o país”, não só pelo projeto distinguido no Energy Up, mas também “pelo aproveitamento que estão a fazer do prémio recebido para desenvolverem outras iniciativas que promovem comportamentos inovadores e sustentáveis entre os mais jovens”. E por isso exorta esta escola a voltar a concorrer com mais projetos ao Energy Up e a que outras a usem como exemplo: “Agora que venham mais projetos. Nós tivemos mais de 60 candidaturas na primeira edição, queremos muito mais candidaturas agora e que se use esta escola como um bastião de boas práticas”.

PRÓXIMA EDIÇÃO DO ENERGY UP

A visita serviu para lançar formalmente a segunda edição do prémio Escola Energy Up, com inscrições abertas até ao próximo dia 8 de abril. Podem concorrer todas as escolas do ensino básico e secundário, em Portugal continental e insular, que tenham projetos ou trabalhos no âmbito da energia já implementados ou em curso. As inscrições devem ser feitas aqui, no site da Fundação Galp.


Fundação Galp vai às escolas

Desde 2010 que a Fundação Galp distingue anualmente projetos escolares no âmbito da energia que promovam consumos energéticos mais eficientes junto da comunidade educativa. O prémio Escola Energy Up foi atribuído pela primeira vez em 2021, iniciando assim uma nova fase na atribuição de prémios a projetos inovadores, sustentáveis e inspiradores desenvolvidos por alunos e professores em Portugal. O objetivo é premiar e dar visibilidade a soluções que sejam um exemplo para toda a sociedade em matéria de sensibilização ambiental e que sublinhem a importância de uma utilização responsável dos recursos energéticos do nosso planeta.